Pode uma crença imoral ser epistemicamente racional?
Purismo e infiltração moral
DOI:
https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v14.1134Palavras-chave:
Infiltração Moral, Epistemologia analítica, Purismo, Filosofia MoralResumo
Entre as diversas maneiras de avaliar a racionalidade e adequação de crenças, a relação entre duas dimensões se destaca: a dimensão epistêmica e a dimensão moral. Uma crença é epistemicamente racional quando é devidamente apoiada pela evidência e é moralmente adequada quando sua formação e manutenção é sensível a características morais das situações relevantes. De acordo com a visão tradicional, conhecida na literatura como purismo, a dimensão moral não impacta diretamente a dimensão epistêmica. Entretanto, existe discussão na literatura sobre a existência de crenças imorais que parecem, à primeira vista, epistemicamente racionais. Estas crenças que possuem conflito normativo levantam o desafio que é explicar como diferentes tipos de normatividade (moral e epistêmica) se relacionam. Teorias não-tradicionais defendem que existe infiltração de padrões morais na racionalidade epistêmica. A infiltração moral é a visão de que fatores morais podem afetar o status epistêmico de uma crença, por exemplo, subindo o limiar de evidência necessária para a crença racional. Esta ideia produz uma resposta natural ao desafio do conflito normativo: ele não existiria porque contextos morais tornam crenças imorais também epistemicamente irracionais, já que existe infiltração nos padrões evidenciais. Neste artigo, defenderei que crenças imorais não podem ser epistemicamente racionais, isto é, não pode existir conflito genuíno entre normatividade moral e epistêmica. Entretanto, isso não se deve ao fato de que existe infiltração moral na racionalidade epistêmica. Deve-se, sim, ao fato de que crenças imorais nunca respondem adequadamente à evidência. Elas são imorais porque insensíveis ao contexto moral e epistemicamente irracionais porque insensíveis à evidência disponível. Esta explicação é compatível com o purismo e, como é a opção teoricamente mais parcimoniosa, devemos adotar uma visão purista na epistemologia.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Gustavo Oliva de Oliveira (Autor)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte.
Os artigos publicados na Revista Opinião Filosófica estão licenciados com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.